Associação dos Amigos de Alto dos Pinheiros.

Falta de água, peixes mortos, comida estragada, socorro nos parentes: o apagão em Alto dos Pinheiros

Começou com uma chuva intensa e ventos muito fortes, na noite de sexta-feira (11/10). Como vários locais em São Paulo, Alto dos Pinheiros ficou no escuro. A expectativa era que a energia voltasse em algumas horas. Não voltou na sexta, não voltou no sábado nem no domingo – e na segunda ainda havia trechos do bairro sem luz. A Enel, concessionária de energia responsável pelo abastecimento na capital, não tem previsão de quando o serviço será integralmente retomado.

Como se sabe, há muito tempo “faltar luz” não exprime devidamente o que acontece quando o fornecimento de energia é suspenso. A falta de luz torna o bairro mais inseguro e dificulta a locomoção dos moradores dentro de casa. Mas isso é o de menos, como mostram vários relatos colhidos pela SAAP desde sexta-feira.

Sem eletricidade por vários dias, as comidas na geladeira e no freezer estragam. Numa casa do bairro onde um dos moradores tem dificuldade de locomoção, o elevador parou de funcionar, e esse morador ficou “preso” num dos andares. Na casa de outra moradora, dona de um aquário enorme, todos os peixes morreram por falta de oxigenação. Em outra, o subsolo inundou com a chuva, e a bomba que retira a água nessas ocasiões não funciona, porque é movida a eletricidade.

Vários moradores se deslocaram até a casa de parentes ou amigos para carregar celular, usar a internet, trabalhar com o computador ou pegar gelo para manter itens essenciais (como medicamentos que precisam ficar refrigerados). A sensação de insegurança aumentou, porque as câmeras de vigilância pararam de funcionar.

Para piorar, há regiões mais altas no bairro que estão não apenas sem energia elétrica, mas também sem água, porque a Sabesp depende de eletricidade para bombear água para essas áreas.

A força dos ventos pode ter pego a Enel de surpresa. Mas não é surpresa que ventanias e chuvas fortes sempre afetam Alto dos Pinheiros. Se a empresa não está preparada para resolver rapidamente esses problemas (e tantos outros, que moradores de outros bairros da cidade também enfrentam), não está preparada para liderar uma concessão na cidade de São Paulo. É simples assim.

A SAAP esteve em contato frequente com a Enel nos últimos dias, inclusive no fim de semana. Vamos continuar a pressioná-la para reparar os estragos com a urgência exigida.